terça-feira, janeiro 14, 2014

Gnomo Jacinto

Toda vez que leio este conto eu me emociono. Muito lindo, e nos faz refletir sobre a vida. Vale a pena ler.


GNOMO JACINTO



Em algum ponto da floresta, 
o pequeno gnomo jacinto chorava 
enquanto conversava com o sábio Gnomo-mestre..

Quando me lembro de tudo o que já me aconteceu 
sinto o chão me faltar. 
Fico tonto, sabe?
Porque será que sofro tanto? 
Será que , por algum motivo, a Fada da Sorte 
escolheu caminhos diferentes dos meus?
Será que todos os contratempos a mim destinados 
resolveram acontecer de uma só vez? 
Mestre, já não suporto viver assim...

O Gnomo-mestre, que reunia folhas numa pequena cabaça, 
olhou para o aprendiz e disse:
- Meu pequeno Jacinto,
percebes o que acontece com as lágrimas que derramas?
- Como assim? Senhor, eu não compreendo o que dizes.
Apontando para algumas áreas da mata, o velho e experiente gnomo respondeu:
- Olha com atenção.
Por todo o caminho espalham-se flores  justamente nos lugares onde tens vertido teu pranto.
Tuas lágrimas tem feito brotar lírios, papoulas
 e perfumadas alfazemas nos lugares onde caem.

Jacinto olhou ao redor e falou demonstrando admiração
e um certo aborrecimento:
- Mas então... quer dizer que o meu destino é sofrer
para fazer a floresta se encher de cor e perfume?
É preciso que meu coração morra aos poucos
para a Natureza se encher de vida?
Isso não é justo!

Com toda a tranquilidade,
o Gnomo-mestre respondeu:
- Os olhos vêem o que querem ver.
O coração sente o que quer sentir.
Então é essa a interpretação que fazes ?
Se o teu sofrer, meu pequeno, faz brotarem as flores mais belas,  o que poderia então surgir do teu sorriso luminoso?
Se transformas o verde da floresta num tapete multicolorido, quando choras, o que poderia acontecer no momento em que espalhasse a alegria?
Não será esse o momento de mudar a semente que espalhas?
Percebes o poder que tens nas mãos?
A dor cumpre o seu papel e tem sua razão de ser.
Sim, deve ser vista.
Mas os olhos não podem se fixar nela por muito tempo,
senão perdem a chance de ver o crescimento que ela própria fez acontecer.

As orelhas do gnomo Jacinto se movimentaram
enquanto recebia as preciosas orientações do sábio,
como se não quisessem deixar escapar uma única palavra.
Seus olhos agora mais atentos, notaram que uma luz começava a brilhar em seu peito.
Teve vontade de sorrir mas estava difícil,
uma vez que sua boca tinha perdido esse hábito.
Portanto fez um esforço e logo, seu dentes estavam a mostra. 

Foi aí que algo incrível aconteceu:
quanto mais ele ria mais crescia.
Crescia e crescia.
Quem jamais poderia imaginar que Jacinto era um gigante?
Aquele pequeno gnomo era agora um gigante grandalhão e sorridente.
Ele continuou rindo e sua risada ecoava montanhas e se transformava em música: música mágica que curava os passarinhos feridos e as plantinhas doentes.

De uma hora para outra a floresta era só brilho e festa.
Jacinto procurou o Gnomo-mestre para agradecer, mas não conseguia mais enxergá-lo.
E foi aí então que, fechando os olhos, ouviu uma voz que dizia:
"- Há e sempre haverá uma forma mais doce de viver.
O sofrimento, no momento em que é percebido como sofrimento,  já está no ponto derradeiro de sua função
e precisa ser substituído por uma outra semente.
Agradeça as lágrimas do passado e diga-lhes adeus.
O momento agora é de focalizar os sorrisos do futuro.
Há e sempre haverá uma forma mais doce de viver."           

(Autor desconhecido)                                         



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