UM NOVO OLHAR SOBRE SÃO PAULO
Hoje
foi um dia muito diferente pra mim.
Levantei
antes das 6:00hs da manhã, ainda estava escuro.
Tinha
consulta no oftalmo, na Móoca, precisava chegar às 7:10hs lá.
Vi
o itinerário que no postinho me passou e peguei um ônibus, metrô e depois outro
ônibus, todos lotados.
Fiquei
reclamando mentalmente. Puxa precisava me encaminhar a um local tão longe de
casa e tão cedo?
Cheguei
no local, e estava lotado. Pensei. Vou ficar o dia todo aqui pra ser atendida.
Mas pra minha surpresa, apesar da quantidade enorme de pessoas, não demorou
muito pra ser atendida na primeira consulta e depois na segunda consulta com o
médico. Um senhor de cabelos brancos, de olhar tranquilo, que examinou meus
olhos e prescreveu os graus dos óculos que tenho que usar.
Sai
de lá achando que apesar de longe, valeu a pena ir até lá.
Depois
fui pegar um ônibus no sentido centro, já que precisava passar em outro local
para pegar encaminhamento pro ortopedista.
O
ônibus demorou pra chegar, mas pelo menos, tinha lugar pra todos sentarem.
Quando cheguei no Parque D. Pedro II, tive que andar um bom trecho pra chegar
em outro ponto pra pegar o Terminal Lapa, mas errei o caminho e me deparei com
o prédio do Centro Cultural do Banco do Brasil, lá não abria às
segundas-feiras, mas mudaram o dia de não abrir para às terças-feiras, tinha
uma fila pequena para a exposição Mestres do Renascimento, com obras magníficas
de Rafael, Leonardo da Vinci, Michelangelo e outros não tão conhecidos, mas com
obras realmente belas.
Fiquei
encantada com tanta beleza. Vou repintar todos os meus quadros, pois vi, que
tenho muito que aprender.
Sai
de lá maravilhada, e logo na saída, tinha uma rapaz sozinho tocando violão, eu
acho que era Garota de Ipanema. Continuei e na Praça do Patriarca havia uns
índios, acho que eram peruanos, tocando flauta, achei lindo, mas precisava ir.
No
caminho vi uma manifestação no Viaduto do Chá, estavam cobrando moradia pro
Prefeito, havia um monte de barracas, todas lado a lado, acho que iam passar a
noite lá. Havia alguns repórteres filmando e fotografando, pensei, talvez um
dia eu também tenha que ficar aí na barraca pedindo moradia, sabe lá, e fui no meu trajeto para ir até o outro Ama
Especialidades, pra pegar a guia que precisava, desci no Metrô Marechal, e caminhei em sentido
ao Posto de Saúde, e de repente ouço uma voz divina, cantando. Quando me
aproximei, era uma soprano (Mayra Terzian e Lucas Nogata, no piano), no Teatro
São Pedro.
Gente,
não tinha como não entrar no Teatro, pra ouvir aquela canção. Uma sala repleta,
a moça cantava e todos aplaudiam muito.
Como
alguém pode cantar tão lindamente? Pensei.
Isso
é um dom de Deus, certamente.
Ouvi
algumas músicas, mas precisava ir buscar o documento. Se pudesse ficaria ali o tempo todo ouvindo essa moça cantar, então saí do local, mas
na esquina, ainda se ouvia aquela voz sublime.
Pensei,
nossa, este dia tá mesmo diferente!
Peguei
o documento que precisava e fui no ponto de ônibus pegar meu ônibus. Passava
todos, menos o que eu precisava.
Estava
ficando aborrecida, quando vi dois rapazes, pintados de palhacinhos e uma moça
pintada de oncinha. Estavam com camisetas escrito Mensageiros da Alegria e nas costas havia outra
frase falando sobre o amor, achei que lembraria a frase, mas não lembrei. Depois chegaram mais dois rapazes e outra moça, todos pintados e com as
camisetas, com livros nas mãos. Eles conversavam com os motoristas dos ônibus
pra ver se podiam falar, 2 entraram no ônibus, e os outros ficaram, chegou meu
ônibus e os outros 2 entraram em outro ônibus. Acho que eles estavam divulgando
os livros, mas não tenho certeza se era isso.
Depois,
em frente ao Parque da Água Branca, vi os 2 primeiros palhacinhos esperando
outro ônibus.
Nossa,
nunca pensei que numa segunda-feira, que tinha tudo pra ser um dia muito chato,
pelas consultas em médicos do SUS, fosse se tornar um dia tão especial.
Parece
que fui guiada por mãos invisíveis hoje, pra ver que apesar de tanta violência,
de tanta maldade, também há muita beleza ao nosso redor. Às vezes passamos com
tanta pressa, que não percebemos as coisas boas, as positivas, que nos
encantam, que fazem a vida valer a pena. Coisas que nos dão esperança que as
coisas mudem para melhor.
Pena
que não levei minha máquina para
fotografar tudo, também não imaginei que veria tanta coisa, mas tenho alguns folhetos que vou postar para
vocês.
Agradeci
a Deus por estes momentos. Resolvi escrever, para que meus amigos possam ter um
novo olhar sobre o lugar onde vivem. Que voltem a acreditar, a ter fé, que Deus
está sempre no comando, mesmo que não possamos vê-lo.
Hoje
eu tive um novo olhar sobre São Paulo, e tenho certeza de que verei muitas
coisas boas por aí.
Redescubram
seus lugares também!
Rosa
Maria Dourado
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